sábado, 16 de abril de 2011

Brincar de Aprender: Exercitando abilidades para o convivio social

FACULDADE ANCHIETA - PSICOLOGIA

JESSICA RODRIQUES DA SILVA
LILIANE NASCIMENTO DA SILVA
MARCIA CRISTINA DE ARAÚJO
NATALIA ORSIOLI
STÉFANE MACEDO RODRIGUES
THIAGO ARAÚJO PEREIRA


1. INTRODUÇÃO



Neste projeto Integrador vamos mostrar como o brincar contribui para a interiorização de modelos dos grupos sociais em que a criança vive. Por meio das brincadeiras elas podem satisfazer seus interesses, necessidades e desejos particulares.

Para Vygotsky é brincando que a criança exercita sua imaginação criativa, surgindo novas combinações singulares e casuais de elementos.

A Brinquedoteca ajuda no processo de socialização, pois durante a brincadeira a criança exercita suas diversas habilidades como a sensibilidade, a socialização como já, citado anteriormente, bem como emocionalmente.


2. APRESENTAÇÃO

A infância é marcada pelo brincar, o que traz muitas vantagens para o seu  crescimento, proporcionando uma série de oportunidades de aprendizagem que irão contribuir para o seu desenvolvimento futuro.

Fomos buscar através de pesquisas na biblioteca, sites e revistas, livros, artigos e textos que pudessem nos apontar todos os benefícios que a brincadeira é capaz de trazer a criança.

Usamos algumas teorias de Vygotsky que discute aspectos da infância, e o quanto o “brincar” é imprescindível para o desenvolvimento infantil e o fundamento da aprendizagem por meio de avanços sociais através do brinquedo. Também buscamos teorias de Maria Angela Barbato Caneiro que destaca em seu trabalho além do desenvolvimento da criança no brincar, mas também o exercício de habilidades para o convívio social.


3.  PROBLEMA

Como integrar a criança socialmente através do brincar?

Segundo Maria Ângela Barbato Carneiro, as crianças cada vez mais sofrem com o problema da interação social, tanto na sua interação com outras crianças ou com adultos. Hoje as brincadeiras estão voltadas para o individualismo e a competitividade, enquadrando-se cada vez mais neste grupo os brinquedos industrializados, os eletrônicos e a televisão passando a disputar a atenção das crianças.


4. JUSTIFICATIVA

Com a utilização da Brinquedoteca vamos desenvolver nas crianças habilidades para o convívio social como na matemática, escrita, linguagem, alimentação, saúde etc., tornando a Brinquedoteca um local de experimentações e de muita criatividade, na qual a criança se sinta bem levando sempre em conta as experiências já obtidas por elas.

Pois, para Vygotsky a criança traz consigo uma “bagagem de conhecimentos”, adquirida em suas experiências vividas no contexto a qual se insere. Certamente esse conteúdo será exteriorizado através do jogo, possibilitando uma inter-relação entre os iguais e troca de experiências que resultará em maior desenvolvimento.

Alguns conceitos são absorvidos progressivamente até mesmo para o amadurecimento e devem ser construídos por meio de situações reais, e o jogo é uma das formas que auxilia, fazendo com que a criança lide com os conhecimentos de forma muito interessante sem perder o caráter do lúdico.

Segundo Vygotsky, o brincar cria uma zona de desenvolvimento proximal,
                                  

No brinquedo a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade; além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. (pág. 122)


As atividades na Brinquedoteca devem ser pensadas de maneira que possam ser interessantes a elas, levando em consideração seu envolvimento afetivo (desafios, superação do mesmo).


5. HIPÓTESE

A idéia é que o brincar faça que a criança aprenda a se expressar melhor, fazendo-a conhecer diversas opiniões acrescentando novas idéias em sua vida. A Brinquedoteca faz que as crianças aprendam a conviver em sociedade.

O brincar como indicador de atitude na construção de competência uma vez que por intermédio da brincadeira pode se obter um feixe de habilidade que posteriormente edificará uma competência no indivíduo.

A utilização da Brinquedoteca trata-se da integração da criança na sociedade para incentivo e melhoria do seu aprendizado.


6. OBJETIVOS

O objetivo de deste trabalho é inserir a criança na sociedade por meio da utilização do brincar, acreditando que a Brinquedoteca possa contribuir tanto na socialização quanto na parte psicomotora.

As crianças precisam ser integradas na sociedade onde vivem, para que futuramente se tornem cidadãos conscientes do mundo. Elas reproduzem suas vivências no brincar, transformando a realidade de acordo com seus interesses e desejos, mas sempre de forma dinâmica e criativa.

Segundo Maria Ângela Barbato Carneiro, A atividade lúdica para ser aprendida necessita de parceiros, pais, amigos, irmãos, professores... Eis a grande dificuldade...Por um lado, a falta de disponibilidade de tempo dos pais e das gerações mais velhas de estarem com seus filhos, facilita o desconhecimento de repertórios de brincadeiras. O brincar se aprende num processo de imitação, portanto os pequenos só podem aprender com seus pares, sejam eles adultos ou crianças.

Para Vygotsky, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao  internalizar um procedimento, a criança “se apropria” dele, tornando-o voluntário e independente.


7. METODOLOGIA CIENTÍFICA

Por se tratar de uma pesquisa na área de ciências humanas, este Projeto será desenvolvido a partir da investigação bibliográfica com análise exploratória. Diante do disposto serão realizadas leituras e inferências teóricas dos clássicos até autores mais contemporâneos sobre o objeto de estudo. A análise perpassará por uma reflexão de ordem qualitativa sob a ótica interdisciplinar no propósito de edificar o conhecimento holístico, neste caso a epistemologia ligada ao brincar.

Segundo Antonio Joaquim Severino:


Elaboração dos processos metodológicos e técnicos para o levantamento dos dados empíricos, bem como na sua aplicação concreta, se faz ativa a intervenção da atividade teórica. (pag. 150)

Existem vários processos de levantamento de dados empíricos, existem igualmente vários modos de interpretação lógica destes dados. Trata-se dos vários métodos epistemológicos utilizáveis para a compreensão significativa dos dados reais. Por isso, a ciência não pretende mais atingir uma verdade única e absoluta: suas conclusões não são consideradas como verdades dogmáticas, mas como formas de conhecimento, conteúdos inteligíveis que dão sentidos e determinados aspecto da realidade. (pag. 150)



8. SUSTENTAÇÃO TEÓRICA

O brincar pra criança é uma forma de se comunicar com o mundo, trazendo alegria e divertimento. Com o tempo as brincadeiras vão mudando de acordo com a faixa etária e conforme a necessidade de cada criança

As brincadeiras contribuem para o desenvolvimento cognitivo, psicomotor,  a interação social e a afetividade, desenvolvendo laços de amizade entre as crianças.

As brincadeiras coordenadas promovem a integração e a participação das crianças, auxiliando no processo de desenvolvimento dos seus sentimentos de respeito, confiança, conhecimento e envolvimento social e cultural.

Segundo Maria Angela Barbato Carneiro, “Brincar faz parte da educação do ser humano. É por meio das brincadeiras que as crianças aprendem a cultura dos mais velhos, se inserem nos grupos e conhecem o mundo que está ao seu redor”. Ela também acredita que a educação deve ser sustentada sobre quatro grandes pilares: aprender a conhecer aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. “Brincar favorece a descoberta, uma vez que auxilia a criança na concentração, na observação, na percepção, na análise, no estabelecimento e no teste de hipótese, fazendo com que descortine o mundo ao seu redor e adquira competências e habilidades, pois o fazer também depende do saber” afirma a professora.

Os pais para preparar os filhos para o futuro estão propondo mais atividades extracurriculares. Com isso a criança não tem mais tempo para brincar e se desenvolver.

Os pais também devem se atentar as formas que eles disponibilizam os métodos de brincar com seus filhos. A tecnologia aderida como método para manter as crianças em casa (vídeo-game, televisão, jogos de internet etc.), pode não trazer benefícios para o desenvolvimento. Muitos também aderem

estes tipos de “brinquedos” pela falta de tempo que tem para brincar com seus filhos. Maria Ângela aponta as conseqüências deste problema:


Por um lado, a falta de disponibilidade de tempo dos pais e das gerações mais velhas de estarem com os filhos, facilita o desconhecimento de repertórios de brincadeiras. O brincar se aprende num processo de imitação, portanto os pequenos só podem aprender com seus pares, sejam eles adultos ou crianças.


Por outro, como as famílias atualmente são menores, há um grande numero de crianças que brincam sozinhas e, por vezes apenas com um animal de estimação. Logo a falta de relacionamento com os outros, tanto dificulta a construção de um repertório de brincadeiras como favorece o empobrecimento cultural.

Para Vygotsky (1984), as crianças, desde o nascimento, estão em constante interação com os adultos, que ativamente procuram incorporá-las a suas relações e a sua cultura. No inicio, as respostas das crianças são dominadas por processos naturais, especialmente aqueles proporcionados pela herança biológica. É através da mediação dos adultos que os processos psicológicos mais complexos tomam forma.

Vygotsky (1998) diz que o brinquedo fornece uma estrutura ampla para mudanças da necessidade e da consciência:


A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e motivações volitivas – tudo aparece no brinquedo pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo.  (pag.122)



Segundo Vygotsky, a formação se dá numa relação dialética entre sujeito e a sociedade a seu redor – ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. Essa relação não é passível de generalização; o que interessa para sua teoria é a interação que cada pessoa estabelece com determinado ambiente, a chamada experiência significativa. Para ele apenas as funções psicológicas elementares como os reflexos. Os processos psicológicos mais complexos – ou funções psicológicas superiores, que diferenciam os humanos dos outros animais – só se formam e se desenvolvem pelo aprendizado

Vygotsky (1998) concebe a imaginação como:


Um processo psicológico novo para a criança; representa uma forma especificamente humana de atividade consciente, não está presente na consciência de crianças muito pequenas e está totalmente ausente em animais. Como todas as funções da consciência, ela surge originalmente da ação. (pag.109)


Vygotsky (1998) fala ainda que a criança experimenta a subordinação ás regras ao renunciar a algo que deseja , e é essa renuncia de agir sob impulsos imediatos que mediará o alcance do prazer na brincadeira.


A criação de uma situação imaginária não é algo fortuito na vida da criança; pelo contrário, é a primeira manifestação de emancipação da criança em relação ás restrições situacionais. O primeiro paradoxo contido no brinquedo é que a criança opera com um significado alienado numa situação real. O segundo é que , no brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço – ela faz o que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer – e ao mesmo tempo, aprende a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-se a regras, e por conseguinte renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e a renuncia a ação impulsiva constitui o caminho para o prazer do brinquedo. (pag. 117)


É imprescindível que as crianças durante as atividades nos espaços lúdicos sejam acompanhadas, pois as crianças necessitam dessa interação com os adultos.

Vygotsky (1998) aponta de que forma o brinquedo está relacionado ao desenvolvimento da criança:


O comportamento da criança nas situações do dia-a-dia é quanto a seus fundamentos, oposto a seu comportamento no brinquedo. No brinquedo, a ação está subordinada ao significado: Já na vida real, obviamente a ação domina o significado. (pag. 121)


Para Vygotsky o desenvolvimento humano se dá de fora para dentro. É porque eu aprendo que eu me desenvolvo. O fato de aprender é que vai nortear o rumo do desenvolvimento humano e o caminho deste desenvolvimento está intimamente ligado ao fator cultural.

Segundo Vygotsky, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam como reflexos. Os processos psicológicos mais complexos – ou funções psicológicas superiores, que diferenciam os humanos dos outros animais – só se formam e se desenvolvem pelo aprendizado. Entre as funções complexas se encontram a consciência e o discernimento.“


O desenvolvimento deve ser olhado de maneira prospectiva, para aquilo que deve ser aprendido, reconhecendo-se que todo mundo é modificável através da mediação. Não se deve olhar o sujeito de maneira retrospectiva, como se ele fosse um sujeito estático, aliás, se o trabalho educacional realizado com a pessoa humana não respeitar sua potencialidade e vê-lo retrospectivamente, a pessoa assumirá a postura estática. “Cole e Werstch (1996), consideram a mediação como o fato central da psicologia de Vygotsky” (Revista Portuguesa de Educação).


Diante das perspectivas de Vygotsky podemos acreditar que a Brinquedoteca irá acrescentar no crescimento dos conhecimentos da criança futuramente. Deveremos observar o que a criança está aprendendo e até mesmo à forma como ela o está fazendo. Observando a maneira de agir da criança dentro do ambiente do Brincar iremos identificar desde cedo as dificuldades e agilidades que ela possui podendo então corrigir ou divulgar seus conhecimentos. Dentro da sociedade certos conhecimentos e comportamentos são exigidos, no entanto este ambiente irá demonstrar diversas formas de aprender e interagir dentro dela. Com a interação dentro da Brinquedoteca com outras crianças com o tempo será identificado o modo de agir de cada criança, os desejos e até mesmo suas diferenças aplicando para cada qual um modo novo de aprendizado. O que a criança aprendeu no passado pode no momento não importar pelo fato que será dado uma maior importância no que ela terá maior interesse, para que possa ser aplicado um ensino adequado não tornando monótono o ambiente em que ficará uma parte do seu dia. A interação então dentro da Brinquedoteca será de extrema importância dentro dos ambientes de ensino pelo fato que trará uma facilidade maior para interação e aprendizado.


9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A brincadeira é de extrema importância para o desenvolvimento da criança. A infância é a fase que mais marca na vida do individuo e o brincar deve ser estimulado, pois é responsável pelo auxílio nas evoluções psíquicas.

Os estudos de Vygotsky contribuíram muito para a construção de conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil e para a utilização do brinquedo nesse desenvolvimento, enfatizando que o brincar satisfaz certas necessidades da criança sendo elas distintas em cada fase, mudando no decorrer da sua maturação. O brincar vai se modificando para atender as novas necessidades que vão surgindo no contexto da criança.

A Brinquedoteca atualmente é vista de outra maneira, pois a criança pode aprender enquanto brinca. Por meio do jogo, do brinquedo e da brincadeira a criança se desenvolve, aprendendo a seguir as regras do jogo, a aceitar a opinião dos outros e a tomar iniciativa e decisões, habilidades necessárias ao seu desenvolvimento, para assim se tornar apto a lidar com as necessidades impostas pela sociedade.

As pressões do mundo moderno estão fazendo com que a sociedade enfrente uma crise de valores, com isso os pais estão preocupados em preparar seus filhos para o futuro mercado de trabalho.

As crianças diante de todo esse excesso de tecnologia , estão se tornando cada vez mais individualistas, o que torna a socialização mais difícil, pois só se aprende brincando, e está é uma ação fundamental para aprender a conviver, cooperar, respeitar as regras e para representar sentimentos e emoções.

O que vemos em função de toda essa disponibilidade tecnológica,  juntamente com a falta de segurança nas ruas e a violência , são crianças cada vez mais doentes, provando que o brincar é indispensável para a evolução da criança e interação mútua.


10.  FONTES

10.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BOCK, A.M.B, FURTADO, O., TEIXEIRA, M.T. Psicologias: Uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo, Saraiva, 2001.

VIGOTSKY, Lev Semenovich; A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.


10.2 EDITORIAL PUBLICADO EM REVISTA

FERRARI, M. Pensar a escola, uma aventura de 2500 anos. Ed. Abril. Nova Escola, nº. 315, pág.108, jul., 2008.

MOÇO, A. Quantas coisas eles aprendem. Ed. Abril, Nova Escola, nº. 231, pág. 42, abr., 2010.


10.3 ARTIGO PUBLICADO EM MEIO ELETRÔNICO

CARNEIRO, M. A. B. A infância e as brincadeiras nas diferentes culturas. PUC/SP. Disponível em < http://www4.pucsp.br/educacao/brinquedoteca/downloads/OMEP%20-%20Campo%20Grande.pdf >. Acesso em: 23/ 09/2010 as 16:50 horas.

FERRARI, M. Pensar a escola, uma aventura de 2500 anos. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/lev-vygotsky-teorico-423354.shtml. Acesso em: do dia 29/09/10 as 10:30 horas.

VIGOTSKY, Lev Semenovich. Vygotsky e a zona de desenvolvimento proximal: Três implicações pedagógicas. Universidade do Minho Braga. Portugal. Disponível em <http://pt.shvoong.com/social-sciences/1819033-contribui%C3%A7%C3%A3o-vygotsky-na-forma%C3%A7%C3%A3o-te%C3%B3rico/>. Acesso em: 29/09/10 as 10:10 horas.

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