sábado, 2 de julho de 2011

Grandes Teóricos

Vygotsky & Piaget: A contribuição destes autores para a Educação e a Psicologia Educacional.
Por: Thiago Araújo Pereira

Imagem modificada por Thiago Araújo


Eu acredito que Vygotsky tem certa vantagem em relação a Piaget, pelo fato de ter esquematizado uma teoria psicológica, e há muito tempo a psicologia tem sido um dos pontos de apoio da pedagogia.  Às vezes até mesmo tornando-se quase que o centro do pensamento pedagógico. A preocupação de Piaget era epistemológica, ou seja, explicar como pode se produzir o conhecimento científico e as ciências.
O diferencial dessas duas teorias em relação a outras tantas que foram aproveitadas nos meios pedagógicos é que se trata de concepções dialéticas. Ou seja, ambas procuram superar a visão linear que enfatiza o processo de desenvolvimento, ou mesmo de aprendizagem do sujeito, de fora para dentro ou de dentro para fora. Isso quer dizer que são teorias interacionistas.
Piaget deu ênfase em seus estudos ao jeito construtivo, ou seja, das construções realizadas pelo sujeito. Vygotsky deu ênfase aos processos de trocas, ou seja, de interação do sujeito com seu meio, principalmente seu meio social e cultural.
As contribuições dessas teorias para a prática pedagógica passam necessariamente pela possibilidade de se compreender melhor a dinâmica dos processos que acontecem no ato de ensinar/aprender, ou seja, o sujeito que interage com o outro desenvolve sua linguagem, seu inconsciente passa a trabalhar melhor, suas percepções são internalizadas com mais facilidade e a visão desse individuo pode ser mais ampla e antropológica.

Brincar de Aprender 2

UTILIZANDO ATIVIDADES PARA AUXILIAR A CRIANÇA NO CONVÍVIO SOCIAL

Jéssica Rodrigues Silva
Liliane Nascimento da Silva
Natalia Orsioli de Souza
Stéfane Rodrigues de Macedo
Thiago Araújo Pereira




Trabalho apresentado como requisito parcial do Curso de Psicologia, para a obtenção de nota da disciplina de  Projeto Integrador, ministrado pelo Profª Dr. Valderlei Furtado Leite da Faculdade Anchieta.

sÃO BERNARDO DO CAMPO – SP
2011


 


 1. INTRODUÇÃO

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Fonte: http://www.gettyimages.com/

Nós, pesquisadores, focamos na pesquisa de ampliar atividades para auxiliar a criança no convívio social, priorizando a faixa etária de 2 a 5 anos de idade.   O grupo recorreu à pesquisa bibliográfica, utilizando como sustentação a teoria do biólogo e filosofo Jean Piaget e Maria Ângela Barbato Carneiro.
A motivação do grupo partiu do interesse de compreender e solucionar o problema que tem sido a carência de espaços como a brinquedoteca dentro de instituições de educação infantil (escolas e creches) com o intuito de incluir esse individuo na sociedade e mostrar que a criança só se desenvolve brincando.

2. PROBLEMA

Basta só reservar um tempo para as crianças se divertirem naturalmente ou as brincadeiras podem ser sistematizadas?


O sujeito tem potencialidades e características próprias, mas, se o meio não favorece esse desenvolvimento (fornecendo objetos, abrindo espaços e organizando ações), elas não se concretizam. A presença ativa do sujeito diante do conteúdo é essencial – portanto, não basta somente ter contato com o conhecimento para adquiri-lo. É preciso “agir sobre o objeto e transformá-lo. (SANTOMAURO, 2010, p. 80).

3. JUSTIFICATIVA


O sujeito tem potencialidades e características próprias, mas se o meio não favorece esse desenvolvimento (fornecendo objetos), abrindo espaço e organizando ações elas não se concretizam não basta somente ter contato com o conhecimento para adquiri-lo. E preciso Agir sobre o objeto e transformá-lo (SANTOMAURO, 2010, p. 78).


Diante dos brinquedos oferecidos na brinquedoteca a criança expõe os seus conhecimentos e agilidades abrindo espaço para a aproximação com outras crianças contribuindo com o desenvolvimento de ambas.
Com a aplicação de jogos elas conseguem coordenar os movimentos aumentando suas capacidades de adquirir novos hábitos.


Para Piaget, todo conhecimento somente é possível porque há outros anteriores. É dessa maneira que se desenvolve a inteligência. Desde o nascimento, a pessoa começa a realizar um processo contínuo e infinito de construção do conhecimento, alcançando níveis cada vez mais complexos. Ao agir sobre um novo objeto ou situação que entre em conflito com as capacidades já existentes, as pessoas fazem um esforço de modificação para que suas estruturas compreendam a novidade. (FERNANDES, 2011, p. 72)


No caso deste, o trabalho é feito na faixa-etária de 2 a 5 anos abrangendo o período sensório-motor e pré-operatório. Para Piaget

Cada período caracterizado por aquilo que melhor o individuo consegue fazer nessas faixas-etárias, ou seja, durante esses períodos de desenvolvimento humano aparecem novas qualidades de pensamentos que por sua vez interferem no desenvolvimento global. (BOCK, 2001, p. 101)


A linguagem usada em uma criança de 2 anos não é a mesma usada com uma de 4 anos. O facilitador, no caso deste o docente, irá atuar diante com cada uma delas da forma mais adequada mesmo que todas as idades (2 a 5) estejam em um mesmo ambiente.


Para que haja desenvolvimento o avanço das crianças, o decente precisa tomar muitas decisões: considerar as demandas das turmas, propor questões e desafios e pensar formas de promover ações que gerem aprendizado. Dominando sua área além de saber os processos pelos os quais o aluno aprende os mais diferentes conteúdos (SANTOMAURO, 2010, p. 81)


Ter um ambiente com jogos e brinquedos dispostos livremente sem direcionamento da brinquedista indica facilidade ou a dificuldade de cada um mostrando para o educador quais os pontos deverão ser trabalhados para que a criança saiba como interagir com o grupo.

4. HIPÓTESE

A idéia é que o brincar e jogar faça que a criança aprenda a se expressar melhor, fazendo-a conhecer diversas opiniões acrescentando novas idéias em sua vida. A Brinquedoteca faz que as crianças aprendam a conviver em sociedade.

O brincar como indicador de atitude na construção de competência uma vez que por intermédio da brincadeira pode se obter um feixe de habilidade que posteriormente edificará uma competência no indivíduo.

A utilização da Brinquedoteca trata-se da integração da criança na sociedade para incentivo e melhoria do seu aprendizado.
5. OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é introduzir a brinquedoteca nas instituições de ensino para auxiliar o desenvolvimento da criança na sociedade.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Demonstrar o papel fundamental dos brinquedos no desenvolvimento infantil, pois brincar é a linguagem que as crianças usam para se manifestar, descobrir o mundo e interagir com o outro. Quando incentivadas, as crianças adquirem novas habilidades, desenvolvem a imaginação e a autonomia.
Fornecer informações sobre a importância dos objetos ou jogos, despertar a curiosidade de cada uma das crianças, sendo também um indicador da sua realidade futura, cada símbolo demonstrado apresenta qualidades ou até mesmo dificuldades que podem ser trabalhadas pelo educador.

6. METODOLOGIA CIENTÍFICA

Por se tratar de uma pesquisa na área de ciências humanas, este Projeto foi desenvolvido a partir da investigação bibliográfica com análise exploratória. Diante do disposto foram realizadas leituras e inferências teóricas dos clássicos até autores mais contemporâneos sobre o objeto de estudo. A análise se deu por uma reflexão de ordem qualitativa sob a ótica interdisciplinar no propósito de edificar o conhecimento holístico, neste caso a epistemologia ligada ao brincar.
Segundo Antonio Joaquim Severino:


Elaboração dos processos metodológicos e técnicos para o levantamento dos dados empíricos, bem como na sua aplicação concreta, se faz ativa a intervenção da atividade teórica. (pag. 150)


Existem vários processos de levantamento de dados empíricos, existem igualmente vários modos de interpretação lógica destes dados. Trata-se dos vários métodos epistemológicos utilizáveis para a compreensão significativa dos dados reais. Por isso, a ciência não pretende mais atingir uma verdade única e absoluta: suas conclusões não são consideradas como verdades dogmáticas, mas como formas de conhecimento, conteúdos inteligíveis que dão sentido e determinado aspecto da realidade. (pag. 150)

7. Sustentação Teórica

É de nosso conhecimento que os jogos são fundamentais porque desenvolvem na criança a autonomia e a sociabilidade. O brincar como atividade fundamental contribui para que as crianças se socializem, aprendendo a respeitar as regras.
De acordo Moço (2010), um bom desenvolvimento psicomotor, cognitivo e linguístico estão intimamente ligados a progressiva construção da personalidade e da capacidade de se relacionar e se comunicar com as outras pessoas – o que se dá durante toda a evolução da criança.
Sabemos que os jogos industrializados têm o seu valor educativo e cognitivo, bem como os artesanais, e é de suma importância que a Brinquedista proponha as crianças a criarem seus jogos, fazendo as peças, pintando, recortando sendo que essas atividades artísticas podem ajudá-las a trabalhar a independência e habilidades corporais.
Como muito bem colocou Carneiro (2010), a brincadeira é a melhor forma de fazê-las aprender. O aprendizado tem de ter significado para as crianças. Não adianta levar os pequenos para grandes distâncias, que eles se cansam.
Brincar é uma atividade que as crianças usam para descobrir o mundo, se manifestar e interagir com o outro, quando incentivado faz com que a criança desenvolva certas habilidades como a imaginação e a liberdade moral e intelectual , ou seja, autonomia.
A criança tem grande capacidade evolutiva de assimilar conceitos quando estes, claro, despertam seu interesse e as curiosidades quando apresentadas de forma lúdica, e essa forma lúdica também as auxiliam, uma vez que, colabora no seu desenvolvimento e integração, ajudando-as a relacionar-se com o mundo.


É importante salientar, que as brincadeiras infantis que ainda persistem em todo o mundo são quase sempre jogos muito simples e divertidos. Não demandam objetos, desenvolvem muitas habilidades e, historicamente, se originaram de práticas culturais e religiosas realizadas pelos adultos ao longo dos tempos. (Maria Ângela Barbato Carneiro, PUC/ SP, pág. 03).


O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os mais remotos tempo. Por meio deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor. O jogo, nas suas diversas formas, auxilia no processo ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento psicomotor, isto é, no desenvolvimento da motricidade fina e ampla, bem como no desenvolvimento de habilidades do pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a criatividade, o levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de dados e a aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações que, por sua vez, acontecem quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando vivenciamos conflitos numa competição, etc.
Segundo Piaget (1967), o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para gastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral. Por meio dele se processa a construção do conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvendo a noção de casualidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica. As crianças ficam mais motivadas para usar a inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se para superar obstáculos cognitivos e emocionais.
O jogo não é simplesmente um passatempo para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar de extraordinária importância na educação escolar. Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da palavra. Estimula a observar e conhecer as pessoas e os objetos do ambiente em que se vive. Por meio do jogo o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. O jogo é a mais importante atividade da infância, pois a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar para manter seu equilíbrio com o meio. A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica é uma realidade que se impõe ao professor. Os brinquedos não devem ser explorados somente para o lazer, mas também como um elemento bastante enriquecedor para promover a aprendizagem. Nos jogos e brincadeiras, o educando encontra apoio para superar suas dificuldades de aprendizagem, melhorando o seu relacionamento com o ambiente. Os professores precisam estar cientes de que a brincadeira é necessária e que contribui para o desenvolvimento da habilidade de aprender e pensar.
O brincar deveria ser parte das práticas de ensino da escola, pois a atividade lúdica é benéfica ao aprendizado. A atividade lúdica pode ser utilizada de diversas formas, desde a sua prática pela livre escolha até como uma atividade dirigida pelo educador. Os jogos podem ser utilizados para o desenvolvimento do raciocínio lógico e das competências cognitivas, além do desenvolvimento físico-motor e social. Há, hoje, para os educadores, recursos e metodologias adequados para ensinar brincando.
Observam-se, duas maneiras de se utilizar o jogo na escola, de modo especial na educação infantil:
- Jogo livre ou espontâneo que permite a livre escolha da atividade pela criança.
- Jogo dirigido, considerado por muitos estudiosos como jogo didático.
A inclusão dos jogos nas atividades escolares depende também de outros fatores, como por exemplo, do nível de ensino, da faixa etária e da demanda atendida pela escola. Isso justifica porque as atividades lúdicas são mais utilizadas na educação infantil do que nos níveis mais elevados de escolaridade.


É preciso, dentro dessas perspectivas, tornar o professor um homem livre, isto é, um indivíduo liberado: liberado do desprezo em relação a certos tipos de atividade e liberado de temor do julgamento dos outros (LEIF e BRUNELLE, 1978, p. 130)


Quando o educador observa a criança em seus jogos, ele encontrou a melhor maneira de conhecê-la melhor e de uma maneira natural, impedindo a deterioração do jogo.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O brincar e os jogos de regras são de extrema importância para o desenvolvimento infantil. Os estudos de Piaget contribuíram muito para que se compreendesse como a criança adquiri o conhecimento e como o brincar e a forma que elas brincam podem auxiliar no processo da assimilação e acomodação das novas informações.


O sujeito tem potencialidades e características próprias, mas se o meio não favorece esse desenvolvimento (fornecendo objetos), abrindo espaço e organizando ações elas não se concretizam não basta somente ter contato com o conhecimento para adquiri-lo. É preciso agir sobre o objeto e transformá-lo (Piaget, J. 2007. pag.2).


Brincar é uma atividade que as crianças usam para descobrir o mundo, se manifestar e interagir com o outro, quando incentivado faz com que a criança desenvolva certas habilidades como a imaginação e a liberdade moral e intelectual , ou seja, autonomia.
A criança tem grande capacidade evolutiva de assimilar conceitos quando estes, claro, despertam seu interesse e a curiosidades quando apresentados de forma lúdica, e essa forma lúdica também as auxiliam uma vez que colabora no seu desenvolvimento e integração, ajudando-as a relacionar-se com o mundo.
O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde o mais remoto tempo. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.

9. CRONOGRAMA

Iniciamos a realização deste projeto integrador no dia 23 de fevereiro de 2011, em que fizemos a divisão dos grupos e recebemos orientações do professor Valderlei Furtado Leite sobre como deveria ser realizado este projeto, as etapas que deveríamos seguir e indicações de livros para leitura. Nesta mesma data escolhemos o tema e qual problema seria destacado em nossas pesquisas. O professor nos conduziu até a biblioteca da Faculdade Anchieta para iniciarmos as pesquisas. Nos dias 9 e 16 de março de 2011 elaboramos a introdução e justificativa em sala de aula, também sob orientação do professor. Dia 30 de março de 2011 elaboramos o problema, hipótese e os objetivos.
Dia 6 de abril de 2011 nos reunimos na biblioteca da Faculdade Anchieta para realizar alterações e correções ortográficas no trabalho, neste dia também dividimos as tarefas e temas de pesquisa para cada integrante do grupo. Dia 16 de abril de 2011 debatemos sobre os teóricos e sustentação teórica em um site de relacionamento por meio eletrônico. No dia 24 de abril de 2011 nos reunimos na residência de um dos integrantes do grupo, para discutir sobre os materiais de pesquisa para a sustentação teórica e organizar o material de pesquisa. Dia 24 de outubro de 2010 nos reunimos novamente na biblioteca da Faculdade Anchieta para discutir sobre o projeto e sobre a realização do banner. Dia 7 de maio de 2011 discutimos por meio de um site de relacionamento a finalização do projeto e banner. Dia 11 de maio de 2011 finalizamos o projeto fazendo pequenas modificações e correções ortográficas.

10. FONTES
10.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOCK, A.M.B; FURTADO, O; TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias: Uma introdução ao Estudo da Psicologia. 13ª Ed. São Paulo. Saraiva. 1999.
CARNEIRO, Barbato Ângela Maria; DODGE, J. Janine. A Descoberta do Brincar. 2007.
PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 2007
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22ª edição, São Paulo: Cortez, 2002.

10.2 FONTES retiradas de periódico

FERNANDES, E. Teoria passando a limpo: Psicologia da Educação. São Paulo. Ed Abril. Nº 239. Pág. 86. Jan/ Fev 2011.
_____________. Teoria passando a limpo: O desenvolvimento da inteligência. São Paulo. Ed Abril. Nº 238. Pág. 64. dez/ 2010.
_____________. Teoria passando a limpo: Psicologia da Educação. São Paulo. Ed Abril. Nº 239. Pág. 86. Jan/ Fev 2011
Lopes, J. Jean Piaget. Nova Escola. São Paulo. Ed Abril. Nº. 95, ago. 1996.
SANTOMAURO, B. Teoria passando a limpo: Três idéias sobre aprendizagem. São Paulo. Ed Abril. Nº 237. Pág. 78. nov/ 2010.

Gnosiologia

A palavra é formada a partir do grego gnosis (conhecimento) e logos (doutrina, teoria), significa a doutrina que se debruça sobre o conhecimento, à teoria do conhecimento. Este estudo abarca vários domínios ou perspectivas pelas quais se podem abordar o conhecimento: a lógica, a estética, a ética, a psicologia, a metafísica. Esta palavra é normalmente usada, em filosofia, a propósito do problema da natureza e da possibilidade do conhecimento e, neste sentido, identifica-se com o criticismo (não confundir com a doutrina de Kant, a que também se chama criticismo) ou, o que é o mesmo, a crítica. A filosofia, através da gnosiologia, procura responder a problemas como o de saber se é possível ao homem, dotado com os seus órgãos de conhecimento, conhecer o mundo tal como ele é ou se, pelo contrário, distorce a realidade.
A gnosiologia estuda, portanto, o sujeito e o objeto implicados no ato do conhecimento humano, debruçando-se essencialmente sobre o primeiro e sobre a relação que se estabelece entre os dois; tenta definir o tipo de relação e o modo como o conhecimento se processa no interior do sujeito. O problema estudado pela gnosiologia é de tal modo importante que pode ser entendido como um pressuposto sempre presente e o qual é imperioso estudar antes de qualquer outra ciência, visto que da resposta que aí for obtida vai depender a atitude a ter em qualquer outro domínio da atividade humana.
Embora esta palavra não apareça ainda na filosofia antiga, a temática de que ela trata está já aí presente: nos pré-socráticos, nomeadamente entre os atomistas com o seu relativismo gnosiológico, em Sócrates e Platão e a sua teoria do conhecimento que se dividia em dois mundos (o conhecimento sensível e o inteligível, falso o primeiro e verdadeiro o segundo) ou ainda em Aristóteles, por exemplo no estudo que dedica às categorias (os modos possíveis de se predicar algo sobre um sujeito).
Em geral, cada corrente filosófica propõe uma teoria do conhecimento que define a sua marca específica. Definidos os princípios que caracterizam a gnosiologia proposta, o filósofo faz daí derivar todo o seu sistema no que respeita às outras temáticas que dizem respeito ao comportamento humano, como por exemplo a ética ou a estética.

Como referenciar este artigo:gnosiologia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-04-24].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$gnosiologia>.

domingo, 29 de maio de 2011

L. S. Vygotsky (1896-1934)

Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) nasceu em Orsha, pequena cidade da Bielorrússia, em 17 de novembro de 1896 e morreu em 1934 de tuberculose, aos 37  anos.
Membro de uma família judia de boa situação econômica, a educação recebida por ele e seus irmãos foi de alta qualidade. A maior parte da sua educação formal foi através de tutores particulares.


Aos 15 anos  ingressou num colégio particular, para frequentar os últimos anos do ensino de segundo grau. Formou-se em 1913 e ingressou na Universidade de Moscou, para o curso de Direito, no qual se formou em 1917.

Paralelamente à graduação, frequentou cursos de história e filosofia na Universidade Popular de Shanyavskii, aprofundando os estudos de psicologia, filosofia e literatura. Anos depois, ingressaria no curso de medicina, devido ao seu interesse em estudar o funcionamento psicológico do homem.
Foi professor e pesquisador nas áreas de psicologia, pedagogia, filosofia, literatura, deficiência física e mental, atuando em diversas instituições de ensino e pesquisa.
Sua produção científica foi vasta, na sua curta existência.  Seu interesse por áreas diversas e sua formação interdisciplinar, permitiram que a sua produção (perto de 200 trabalhos científicos)  abrangesse desde neuropsicológica até literatura, incluindo trabalhos sobre deficiência, psicologia, educação e linguagem.
Embora esta vasta produção, não existe na sua obra um conjunto organizado e sistemático de ideias que possa ser denominada de "Teoria Vygotskiana". Este fato não impediu que mesmo após a sua morte, suas ideias continuassem sendo abordadas e testadas pelos grupos que continuariam seu trabalho.
Foi só a partir de 1924 que sua carreira mudou drasticamente, passando Vygotsky a dedicar-se a psicologia evolutiva, educação e psicopatologia.

A partir daí ele concentrou-se nessa área e produziu obras em ritmo intenso até sua morte prematura em 1934, devido à tuberculose.

Devido a vários fatores, inclusive a tensão política entre os Estados Unidos e a União Soviética após a última guerra, o trabalho de Vygotsky permaneceu desconhecido a grande parte do mundo ocidental durante décadas.

Quando a Guerra Fria acabou, este incrível patrimônio de conhecimento deixado por Vygotsky começou a ser revelado. O nome de Vygotsky hoje dificilmente deixa de aparecer em qualquer discussão séria sobre processos de aprendizado.

Alexander Romanovich Luria nasceu em Kazan, na antiga Rússia, em 1902 e faleceu em 1977. Em 1924 conhece Vygotsky que exerceu enorme influência em sua carreira. Associou-se também a Leontiev. Luria interessou-se pelo estudo da influência da cultura nos processos mentais, pesquisando sobre o pensamento, o sentimento e as ações dos homens. Trabalhava também com os aspectos neuropsicológicos do funcionamento mental humano, sendo considerado um dos fundadores da neuropsicológica.

Propôs uma divisão do córtex baseada no grau de relacionamento com a motricidade e com a sensibilidade, dividindo o córtex em áreas primárias, secundárias e terciárias.

Alexei Nikolaievich Leontiev (1903-1979) trabalhou com Vygotsky e Luria de 1924 a 1930, mas, mesmo depois de se afastar por motivos profissionais continuou colaborando na mesma linha de estudos. Estudou a memória e a atenção deliberadas, desenvolvendo sua própria teoria da atividade que liga o contexto social com o desenvolvimento.

A atividade é um sistema coletivo derivado de um objeto e de um motivo. Caracteriza-se sempre por sua orientação para o objeto e preenche um propósito específico.

A força de direção da atividade é seu motivo. O motivo é que direciona a atividade: "não pode haver atividade sem motivo".

A ação é um meio de realizar a atividade e de satisfazer o motivo. A parte operacional de uma ação refere-se às circunstâncias específicas que estão em volta de sua execução. As operações constituem o meio pelo qual uma ação é realizada.

É importante ressaltar, que Vygotsky, Luria e Leontiev (seus colaboradores mais próximos) faziam parte de um grupo de jovens intelectuais da Rússia pós-revolução, que queriam buscar uma ligação entre o novo regime de sociedade e a produção científica.
Nesse ambiente de idealismo procuravam construir uma nova psicologia que sintetizasse as duas correntes de psicologias presentes no início de século (psicologia como ciência natural e psicologia como ciência mental)
Esta nova abordagem da psicóloga está estruturada em três ideias centrais do pensamento de Vygotsky:
Esta nova abordagem da psicóloga está estruturada em três ideias centrais do pensamento de Vygotsky:
      I.        As funções psicológicas superiores têm um suporte biológico
    II.        O funcionamento psicológico está baseado nas relações sociais entre o indivíduo e o meio num processo histórico
   III.        A relação homem-meio é uma relação mediada por sistemas simbólicos.
Partidário da revolução russa sempre acreditou em uma sociedade mais justa sem conflito social e exploração. Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social.

Vygotsky considera o papel da instrução um fator positivo, no qual a criança aprende conceitos socialmente adquiridos de experiências passadas e passarão a trabalhar com essas situações de forma consciente. Se uma transformação social pode alterar o funcionamento cognitivo e pode reduzir o preconceito e conflitos sociais, então esses processos psicológicos são de natureza social. Devem ser analisados e trabalhados através de fatores sociais.

34 anos que mudaram a história da Psicologia e Educação.
Foram breves 34 anos, mas mudaram a história da psicologia e da educação. Lev Vygotsky que durante muitos anos foi censurado em seu próprio país de origem, a Rússia, em virtude do regime político totalitário de Stálin, ganhou o mundo apenas a partir do final dos anos 1950 e início da década de 1960 quando algumas de suas obras foram traduzidas para o inglês, o francês e o alemão e chegaram às universidades americanas e europeias.
Sua carreira começou somente aos 21 anos e coincidiu com a Revolução Proletária que mudou os alicerces da Rússia. Deve-se inclusive destacar que entre os fundamentos do pensamento Vygotskiana encontram-se as influências marxistas do materialismo histórico e dialético. E é com base no método dialético que o pesquisador compôs as pesquisas que realizou em sua tentativa de identificar as mudanças qualitativas do comportamento humano em seu desenvolvimento e relação com o contexto social.
Além das claras influências marxistas em seu trabalho, Vygotsky teve contato com expoentes de muitas outras áreas do conhecimento como os literatos Tolstoy, Bunin e Dostoievsky, os filósofos James, Hegel e Spinoza, especialistas em psicologia como Freud e Pavlov, poetas como Blok, Puchkin e Tyuchev.
Sua formação e estudos primam pela riqueza e diversidade. Formou-se em Literatura e Direito pela Universidade de Moscou, estudou História e Filosofia na Universidade Popular de Shanyavskii e ainda fez cursos nas faculdades de Medicina de Kharkov e Moscou. Não complementou as formações em História e Filosofia, tampouco em Medicina, mas encontrou nesses cursos subsídios que precisava para desenvolver os estudos na área de psicologia.
Fica clara em sua formação, realizada entre o final da década de 1910 e início dos anos 1920 que Vygotsky estruturava seu conhecimento dentro de uma proposta interdisciplinar. A riqueza de seu aprendizado e maturação intelectual permitia ao pesquisador desenvoltura e brilho em diversas áreas do conhecimento:- Da poesia a medicina, da filosofia a psicologia, das ciências sociais a linguística, das artes a antropologia, da história a educação.
Sua base familiar, estruturada em Orsha, na Bielo-Rússia, era forte o suficiente para lhe proporcionar interesse e a dedicação aos estudos. Nascido em 17 de novembro de 1896, Lev Semenovich Vygotsky tinha mãe educadora e seu pai trabalhando num banco e numa companhia de seguros. Sua família, de origem judaica, era formada pelos pais e por mais sete irmãos. As restrições que se aplicavam a comunidade judaica na Rússia e em outras partes do mundo na virada do século XIX para o XX talvez expliquem a disposição de seus pais no sentido de dar aos filhos uma formação sólida para que seus futuros pudessem viver dias melhores.
Essas mesmas dificuldades relativas ao judaísmo também fizeram com que Vygotsky tivesse que ser educado dentro de sua própria casa até os 15 anos de idade com o apoio de tutores particulares e da própria mãe. Esse pormenor não foi considerado um obstáculo tão grande ao desenvolvimento do jovem estudante que era um leitor ávido a ponto de visitar com grande constância a biblioteca local e estudar sozinho em muitas oportunidades. Casou-se em 1924 com Roza Smekhova e teve duas filhas.
A partir de 1917 iniciou uma carreira que se encerraria precocemente em virtude de uma tuberculose em 1934. Entretanto foi extremamente prolífico em sua produção desde o seu princípio, ainda na cidade de Gomel, onde esteve até 1923, e fundou uma editora, criou uma revista literária, estruturou um laboratório de psicologia, dirigiu a seção de teatro do departamento de educação e ainda proferiu várias palestras cujas temáticas centrais eram a ciência, a literatura e a psicologia.
É também nesse período que concentra suas pesquisas na busca de explicações acerca da compreensão dos processos mentais humanos. Para tanto procurava desenvolver suas pesquisas tendo como elementos essenciais as crianças que apresentavam deficiências como problemas mentais, cegueira, impossibilidade de expressão pela fala ou pela escrita, dificuldades de compreensão da comunicação oral,...
Aos 28 anos foi descoberto pela comunidade científica russa a partir da apresentação de um trabalho num Congresso de Psicologia em Leningrado. Demonstrou competência, firmeza e conhecimento de causa na exposição que fez sobre o comportamento consciente humano. Isso lhe abriu as portas do prestigioso Instituto Moscovita de Psicologia.
A partir de seu trabalho em Moscou ganhou autonomia para propor e concretizar o surgimento do Instituto de Estudos das Deficiências. Seus estudos em Psicologia andavam a todo o vapor, entretanto Vygotsky sabia das claras relações que existiam entre seu tema de estudos, a busca da compreensão dos processos mentais humanos e a educação. Por esse motivo trabalhava em Narcompros no Departamento de Educação.
Centralizou seus estudos no desenvolvimento e na aprendizagem infantil, área identificada como Pedologia, que abrange o estudo dos aspectos biológicos, antropológicos e psicológicos das crianças. Não pretendia com isso se especializar no estudo das crianças. Era apenas o caminho percebido por Vygotsky para a resolução de um tema muito mais amplo e abrangente, o desenvolvimento humano.
Concluiu que as funções psicológicas superiores têm origens sócio-culturais e dependem de processos psicológicos elementares, de origem biológica. Nesse ínterim é importante destacar que para Vygotsky a apropriação de conhecimentos pelos seres humanos é decorrente da interseção entre aspectos da história pessoal e social, ou seja, há uma clara influência da família e da genética ao mesmo tempo em que, sem dúvida, somos também resultantes do contexto sócio-histórico em que vivemos.
Sua obra teve continuidade após sua prematura morte em 1934 a partir do trabalho de dois abnegados pesquisadores que colaboravam e participavam de seus projetos, Alexei Leontiev e Alexander Luria. Os três estudiosos, liderados por Vygotsky, reuniam-se pelo menos duas vezes por semana por períodos de até 6 horas.
De todo o seu tempo dedicado à pesquisa surgiram diversas teorias de reconhecido valor e profundidade apresentadas ao mundo a partir de obras como: “Os princípios da educação social das crianças surdas-mudas (1925)”; “O consciente como problema da psicologia do comportamento (1925)”; “A pedologia de crianças em idade escolar (1928)”; “Estudos sobre a história do comportamento (1930)”; “Lições de psicologia (1932)”; “Pensamento e Linguagem (1934)”.
Entre suas principais teorias e ideias destacamos:
O processo de formação de conceitos remete às relações entre pensamento e linguagem, a internalização mediada pela cultura e ao papel da escola na transmissão de conhecimento.
As chamadas funções psicológicas superiores como a memória e a linguagem são construídas ao longo da história social do homem e de sua relação com o mundo. São provenientes, portanto, de ações conscientes e intencionais dependentes de processos de aprendizagem.
Vygotsky acreditava que o conhecimento do homem é mediado, ou seja, construído a partir de processos sócio históricos em que não há acesso direto aos objetos, mas a recortes da realidade constituídos a partir de sistemas simbólicos elaborados pela própria humanidade em sua história.
É a linguagem que funciona como sistema simbólico representativo ao fornecer conceitos, formas de organização do real e estruturar a mediação entre sujeito e objeto dos conhecimentos.
A cultura concede as pessoas os sistemas simbólicos representativos da realidade que permitem a compreensão e interpretação do mundo real.
São funções mentais o pensamento, a memória, a percepção e a atenção. O pensamento tem como origem a motivação, a emoção, o afeto, o impulso, o interesse e a necessidade.
Há dois níveis de desenvolvimento segundo Vygotsky, o real e o potencial. O primeiro refere-se ao que a criança consegue fazer por si própria enquanto o segundo concretiza-se a partir da capacidade de aprender com as outras pessoas.
A relação de distância entre o desenvolvimento real e o potencial cria as chamadas zonas de desenvolvimento proximal (que se refere à potencialidade de aprender ou ainda o vácuo que existe entre o que a criança pode aprender por si mesma e o que ela pode fazer a partir da orientação e intervenção de um adulto).
O desenvolvimento cognitivo é resultado do processo de internalização da interação social com os subsídios provenientes da cultura.
Segundo Vygotsky, os sujeitos não são apenas ativos, mas interativos porque seus conhecimentos se estabelecem a partir das relações intrapessoais e interpessoais.
Os conceitos de Vygotsky percebidos no contexto educacional nos permitem perceber a escola como o local onde há intencionalidade na intervenção pedagógica e que isso promove o processo de ensino-aprendizagem. Nesse ínterim o professor interfere objetivo, intencional e diretamente na zona de desenvolvimento proximal.
O estudante é percebido como aquele que aprende os valores, linguagem e o conhecimento que seu grupo social produz a partir da interação com o outro, no caso, o professor.
A aprendizagem é entendida como fundamental ao crescimento, adaptação e desenvolvimento dos processos de interação social dos estudantes.

FONTES:
http://www.pedagogiaespirita.org/escola_virtual/pedagogia/vygotsky/aula1.htm
 http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=431