Sirene
das 9hs: POR THIAGO ARAÚJO PEREIRA
Vejo-a curvada na calçada aos trapos... Definhando... Gritando
alucinadamente por socorro... Com os olhos verdes borrados da maquiagem... Do
outro lado da calçada a velha jornaleira discute com alguém no telefone fitando
a imagem horrenda da mesma mulher chorosa. Os carros diminuem a velocidade, mas
não param.
A multidão logo se amontoa... E só observam? – Por que estão parados?
Estranho... Não a feridas na mulher, mas a sangue em sua roupa branca...
A menos que...
“Meu filho” Ela revela a criança em seus braços.
Impulsado pela adrenalina logo me vejo ao lado da moça que ainda beija
sua criança encharcando-a com suas lagrimas.
Dra. Susana Castro. Esse e o nome que ela carrega em seu crachá – Tudo
faz sentindo agora.
Dra. Susana Castro. Mãe... Que após seu plantão no hospital saí
correndo para buscar seu filho – Hoje é seu dia de ficar com ele depois de
quinze dias de espera, assim determinou o juiz tutelar – Uma tragédia... O
garotinho escapa da mão de sua mãe quando vê o pássaro urbano onde corre para
assusta-lo. Um segundo foi o tempo do alcoolizado no volante para tirar a vida
do pequenino. O covarde não para.
Anos de experiência se esvai. O desespero, cega a jovem mãe que se
petrifica diante de seu menino.
Soa a sirene às nove horas, mas e tarde, nada os paramédicos podem
fazer. Negligencia ao volante leva a vida da criança que começava a conhecer a
vida.
Preserve sua vida... E dos outros, seja prudente... “Se Beber não
dirija!”
Assim diz os anúncios de publicidade – Quem sabe se o anuncio dissesse “Dirija
alcoolizado, mate, seja um assassino, transforme seu veiculo em uma arma, destrói
famílias, apodreça na cadeia e seja feliz agora”